quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Angela

Eu sabia que a vontade dela não era estar comigo. E isso me machucava mais do que a ideia de não a ter por perto. Preferia me conformar pela separação, do que olhá-la e ter a certeza de que seus pensamentos, desejos e planos não eram pra mim. Não eram comigo.
Angela tentava me amar, eu sabia que sim, sentia isso. Talvez não por mim, mas por ela mesma. Ela tentava e não conseguia, não me sentia amado, apesar de seus esforços. E ela não tinha culpa. Tudo passa, mas ela não acreditava nisso, não aceitava. Acreditava que o nosso amor era eterno, imutável, indiminuto, resistível a tudo. Esqueceu-se do tempo. O tempo muda tudo e todos, os gostos, humores, pessoas, relações, sofrimentos e também os amores. E isso a fazia infeliz.
Angela tentava ser o anjo do seu nome, mas não era essa sua sina, tinha nascido para viver aventuras, emoções e eu não lhe proporcionava isso. Sempre soube, mas tinha medo de falar e ela me abandonar. Fui medrosa e egoísta. Carente. Agora sei que o melhor seria ter dito e evitado a dor de alguém tentando me amar sem conseguir.
A dor de terminar com ela foi grande, mas menor do que a eu sentia ao seu lado. Eu a amava. Eu a amo. Mas aquilo, que tinha sido um grande e verdadeiro amor, já não existia mais. Era o meu amor com a minha dor. A compaixão dela com a lembrança do amor que sentiu por mim. Disso ninguém sobrevive.

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